quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

(im)Parcialidade de Criação


Bem, isto é um blog e, por mais que não pareça quando se está atrás de uma tela, é escrito por uma pessoa. Não vemos um fio devida através dos fios. Esquecemos que somos formados por um circuito ainda mais complexo. Como se aquelas palavras digitadas não tivessem realmente saído de sua mente.Como se para ser anônimo fosse necessário alimentar uma doença, oprimir, nos deixar ainda mais vazios. Como se precisássemos do anonimato para falar do que (e o que) quiser. 

As pessoas pensam que todos precisam ser parciais, que imparcialidade é sinônimo de educação. E que, se escondendo atrás de um monitor, você não precisa se preocupar com isso e mostrar sua opinião como bem quiser. E muitas querem exibi-la sem pensar, deixar claro que tem liberdade, mas são livremente idiotas.

Queremos mostrar nossa opinião e por ser nossa ela já deixa de ser imparcial. Por mais parecidos que sejam os pensamentos, os ideais e até as experiências de certa pessoa, as visões nunca são as mesmas. Um determinado ângulo, um olhar desviado para observar a bela moça na esquerda, outro para ver o menino chorando na fila da frente e pronto, já temos bem mais de uma versão da história. Isso só falando da parte descritiva, do que muitas vezes chamamos de notícia.

Isso quer dizer que nunca os jornalistas falam de fato o que aconteceu? Sim e não. Nem os jornalistas de ninguém. As visões nunca são as mesmas nem totalmente verdadeiras. A verdade como Sócrates a descreve talvez exista mas não conseguimos a absorver totalmente. Nem tem como conseguirmos a não ser que nós humanos tivéssemos as características atribuídas aos imortais deuses, oniscientes e onipresentes.

Uma sinopse de um filme(uma gravação que contem as mesmas imagens para todos), por exemplo, é basicamente a mesma em todos portais, só as palavras usadas para escrevê-las. Mas os significados que essas palavras passam para cada um são muito diferentes. Concordo quando diz que qualquer um pode escrever uma notícia, uma análise. Assim como qualquer um pode fazer uma cirurgia, qualquer um pode ser o tradutor na cerimônia de enterro de Nelson Mandela, qualquer um pode ser Elvis. Só não garantimos que será exatamente igual, com a mesma qualidade, que qualquer um pode ser um bom Elvis. Oras bolas, não é por isso que procura se escolher os melhores?

Chega a ser desconfortável essa insegurança. Pra que estudamos se não precisa do diploma? Você estuda pelo diploma ou para ser o melhor? Outro exemplo está em locais que não permitem nada, desde máquinas fotográficas até uma bebida comprada fora do local.Querem nos fazer comprar o produto deles não por opção própria mas sim por falta de opção. Deve ser triste realizar diversos estudos e saber que as pessoas escolhem seu produto desse jeito, não porque você se garante pela qualidade. O evento seria da sua família, as fotos das suas lembranças, mas são as empresas que querem possuir tudo isso. Você não pode beber um suco, você tem que beber O NOSSO suco.

E essa necessidade de posse não é exclusiva as empresas. Muitas vezes só nos sentimos a vontade para expressar-nos como realmente queremos quando achamos que possuímos a coisa. “Essa é minha casa e eu faço o que quiser aqui.” “Esse é o meu filho e eu falo o que quiser para ele.” Na web também é assim:
 “Meu facebook, falo o que quiser. Não gostou me exclua”. Realmente você fala o que quiser por direito assim como, por direito, recebe as resposta que os outros quiserem.

O facebook não é propriamente seu. Nem do seu amigo que já possuía conta antes de 2009, nem do próprio Mark Zuckerberg. Ele é o criador do site, assim como você é o criador do seu perfil, da sua conta. O nome já diz “rede social”, pessoas interagem lá, “socializam” lá. Cada um cria uma parte do conteúdo, o site precisa das pessoas para espalhar seu sucesso. Porém, ao que parece, as pessoas não perceberam isso e estão realmente achando que necessitam de sites para viver.

Temos o poder da criação, o que foi criado por José vai sempre ter sido criado por José. Mas não temos o poder de garantir a posse eterna. Nossas criações podem acabar em outros planos. Somos todos Victors Frankensteins. Até porque imagine um mundo onde os criadores guardassem suas criações apenas para si mesmas. Um mundo em que todos precisariam saber circuitos elétricos para poder desfrutar de energia elétrica em casa.

Sendo assim, está mais do que claro que o blog contém a opinião do seu autor. Porém, a opinião do autor contém muitas outras opiniões para ser formada. Minha própria imparcialidade, dita de maneira sincera, já é parcial. Se entre 1 e10 escolho 5, não significa que quero agradar os dois lados. As vezes realmente prefiro o 5, acho que o melhor é o equilíbrio entre um lado e o outro, ou as mistura de certos elementos que cada um possui, e vou tentar argumentar para isso.

E é como nessas redações escolares ou nas que fazemos para o glorioso(ou desastroso) vestibular. Não incluímos “eu acho”, “na minha opinião”, justamente porque já está incluso a ideia de que essa é a verdade para você e que você quer transmiti-la, convencer o leitor. Portanto, se minhas opiniões aqui escritas forem opressoras,me ignorem ou melhor, tentem me apresentar outras ideias, me corrigir. Mas não garanto que será fácil nem difícil. E não garanto nenhum lado por pura parcialidade.

2 comentários:

  1. Texto muito bom. Se todo mundo tivesse a oportunidade de ler um pouco mais acredito que o mundo seria um pouco melhor.
    aguardando o próximo.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Muito obrigado, Adão. Ajude a dar o mundo essa oportunidade, compartilhe, mostre. Talvez com menos frequência mas muitos próximos ainda virão!

      Excluir