sábado, 4 de janeiro de 2014

Existência

“Penso, logo existo”

Assim disse o René Descartes no século XV. E assim essa frase ficou existente para todos os outros séculos que viriam. Mas essa frase não pensa, nem temos provas concretas de foi mesmo Descartes que a pensou. O que prova e existência dela então? Nós pensamos que o momento que a Descartes a pensou existiu. Uma frase pode ficar para sempre, com todos concordando da sua existência e sua importância e sem conflitos para provar que ela, de fato, existiu.Com nós, belíssimos seres pensantes, é o contrário.


Já pensamos (pelo menos a maioria) e isso já prova que existimos. Mas queremos mais, sentimos que precisamos de provas, não só de nossa existência, mas de nossa importância e do tempo que existiremos.

Quantos Descartes já existiram? Milhões e ao mesmo tempo só um. Pois inimagináveis pensamentos, incontáveis reflexões que buscaram entender a complexidade de nossa existência já aconteceram e a maioria não ficou famosa, não durou séculos, não chegou nem perto. Mas nenhum Descartes é igual o outro. Aquele Descartes não é igual aos outros porque não é René, nem é francês.Aquele Descartes não é igual aos outros porque derrubou vinho na tia-avó no natal de 94. Aquele Descartes não é igual aos outros porque quebrou o braço enquanto tentava matar uma abelha numa tarde de domingo. Aquele outro Descartes não é igual aos outros porque tem uma pinta no canto esquerdo do nariz.

OPA, ESPERA AI AUTOR! No primeiro texto do seu blog você fala que somos diferenciados pelo o que temos?! Confunde ser e ter na mesma frase, pode isso?
Se pode não sei. Mas há pouco tentávamos descobrir nossa existência, agora já tentamos descobrir o que somos. Agora tente se lembrar daquela vez que te perguntaram como era a Mariazinha:
“Mariazinha é jovem, cabelos castanho-claros. Joga vôlei. É bem esperta só que sem senso de humor. Magra ou gorda? Ah, eu diria que ela é bem gostosa”.
Mas Mariazinha é seus cabelos castanho-claros ou tem seus cabelos castanho-claros? Mariazinha é sem senso de humor ou não possui senso de humor? Mariazinha é gostosa ou possui um corpo que a faz ser chamada assim?


Ser e ter, uma discussão interminável e até empolgante. E que se justifica muito pelas palavras que escolhemos. Porque ter remete àquilo que controlamos (ou achamos que controlamos), que nos faz agir de maneira muitas vezes robótica e não entender que não precisamos de posses para ser.
O ser é admissão que mudamos e que ao mesmo tempo temos escolhas do que fazemos mas não controlamos totalmente o que somos.Temos passado,presente e futuro ou somos passado, presente e futuro?Afinal, somos nossas ações, nossos desejos, nossos pensamentos. E, assim como Descartes, somos nossas palavras, nossos pensamentos convertidos em sílabas mágicas, que expressam aquilo que éramos algum dia.


Viu como duas palavrinhas tão pequenas geram tanto o que se discutir apenas por sua abstração?
E é por isso que se inicia aqui esse blog. Porque,por mais que não toquemos literalmente nele, sua concreticidade é menos discutível que a dos meus pensamentos.Porque quero que alguém mais seja(ou tenha) parte dos meus pensamentos, da minha existência. Porque quero que (meus pensamentos) se tornem palavras, registros que eu realmente pensei, realmente existi. Que não durem séculos, porém o suficiente para eu desfrutar de minha existência.


“Penso, logo existo”. Existo, logo procuro o que fazer nessa existência. E é nessa busca incessante para o “não-tédio” que nossa humanidade deu existência a tantas coisas, uteis ou não. E assim eu dou existência a esse blog.

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