"Sabe o que eu acho mais incrivel hoje em dia? Essas
adolescentes que arrumam filho cedo e querem botar banca dentro do onibus.
Filha se vc engravidou de um pé rapado que não condição de ter um carro pra te
levar e buscar onde precisa PROBLEMA É SEU! E a outra enchendo a boca pra dizer
que é gestante achando que alguém tem obrigação de ceder espaço ou dar
prioridade pra ela. Filha se vc foi burra e não soube se cuidar PROBLEMA É SEU!
Aguente a consequencia da sua irresponsabilidade sem gritar com o motorista ou
culpar qualquer um por conta da sua cagada. Pq nem eu nem o motorista nem
ninguem temos nada haver com isso.... Obrigado”
É isso ai, vamos começar logo assim, falo mesmo, o povo
precisa de verdades. E a verdade é que essas palavras não são minhas. Mas é bom
começar assim. Humanos tem um tesão por polêmicas até maior que o sexual.
O célebre trecho foi publicado numa página com 13 mil “curtidores”A postagem em si, se não me engano, obteve
mais de 30 likes, mais de 30 pessoas que gostam dessas palavras. Claro que os curtidores em geral não a curtem a tais motivos. A página
se chama “Barueri da Depressão", divulga acontecimentos da região, reclama por
melhoras e publica piadas “típicas do face”.
Pois bem, o que podemos
pensar desse comentário? Qual é o maior absurdo do trecho?
A) Ninguém
deve dar prioridade para grávidas, principalmente as adolescentes, porque a culpa delas é ainda maior. (Não vamos nem falar dos idosos, como são culpados por estarem velhos)
B) NINGUEM
TEMOS HAVER com isso
C) Ninguém
ter nada a ver mesmo com isso(afinal a menina engravidou sozinha,ou um anjo foi
enviado dizendo que ela iria dar a luz)
D) Engravidar
pode, só não pode de um pé rapado. Pé rapado = quem não tem carro
Ok, admito que concordo com o mínimo trecho “sem gritar com o motorista ou culpar qualquer um”(sem palavras a mais ou
a menos). Apesar de que os passageiros têm culpa. Não pela fecundação, é
claro. Porém, pela falta de consciência. Obrigação ninguém tem mesmo. Nem deveria. Assentos demarcados, fila preferencial...nada disso seria necessário se a consciência fosse preferencial. Mas, tanto felizmente como infelizmente, são. Enfim, uma simples pessoa em perfeitas condições se levantando de um lugar e
fazendo o sacrifício de ficar 20 minutos em pé evitaria qualquer incômodo.
O autor tentou se justificar, dizendo que o que quis dar a entender era justamente algo como o trecho que concordo.Só
que a justificativa veio tarde, bem tarde. Não antes de comentários como :
- “Odeio crianças”
- “Quero que se lasque mesmo”
- “Pelo jeito só tem grávida adolescente aqui”(Afinal, para ser contra a tortura é preciso que você já tenha sido torturado, não é? Não????!!, tinha certeza que aprendi na sétima série).
E, por fim, questionou a interpretação dos leitores(uma
desculpa que pode realmente acabar servindo. Basta uma rápida olhada pelos comentários
de portais na internet e fica nítido as más-interpretações). Falando que claramente queria dar a entender somente a frase que concordei. Erro de
interpretação ou escrita? Se bem que os dois caminham juntos. Não a
ortografia em si. Mas a coerência. Se você analisa/interpreta mal, você também
fará o mesmo com suas próprias palavras, sua escrita.
Não que eu seja o John Lennon, ou o Jesus, ou o
Rockefeller, ou qualquer um dos seus heróis, que morreram ou não de overdose, da
interpretação. Entretanto, não é muito difícil saber realmente a mensagem que
se quer passar, no caso a falta de mensagem e o apoio a falta de consciência,
quando ela está em maioria e, para facilitar, com partes em letras maiúsculas.
Mas, não quero que o foco seja a crítica de uma postagem. A
questão é pensar: qual das afirmações procede: “o público recebe o que o público quer”? Ou “o público
recebe o que querem que ele goste?”
Uma postagem
qualquer, um programa qualquer,ele reflete a sociedade ou ele faz com que a
sociedade se espelhe nele? Claro que sempre há influências. Mas, de quem é a
culpa, quem é o maior responsável por gostarmos, por exemplo, de um livro? A influência
que ele teve sobre nós ou nossa prévias influências?
Acredito,
ou melhor, quero acreditar, que um pouco dos dois.Que acabamos escolhendo entre
as opções possíveis na nossa vida, o que muda, e muito, para cada um.
Escolhemos, porém somos o que podemos ser. Eu poderia até ser Jesus, se soubesse
fazer milagres, ser John Lennon, se tivesse uma boa voz, ser Rockefeller, se
fosse um bom investidor. E é claro, se eu quisesse.
O
problema da grávida talvez tenha sido uma má escolha.E más escolhas não melhoram
com outras más escolhas dos outros.Se torna um loop infinito, até concluirmos
mesmo que a culpa é das estrelas, do Sol que permite vida ao mundo, das
partículas densas antes do Big Bang.
“Quem
ocupa o trono tem culpa
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem”
Quem oculta o crime também
Quem duvida da vida tem culpa
Quem evita a dúvida também tem”
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